Fundação Abrinq retrata a importância dos ODS durante Encontro Anual da Rede Nossas Crianças

Na última terça-feira (24), a Fundação Abrinq, em parceria com a Estratégia ODS, realizou o Encontro Anual da Rede Nossas Crianças, em São Paulo (SP), para dialogar sobre a importância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável...

Na última terça-feira (24), a Fundação Abrinq, em parceria com a Estratégia ODS, realizou o Encontro Anual da Rede Nossas Crianças, em São Paulo (SP), para dialogar sobre a importância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com todos que estavam presentes.

O evento iniciou com as boas-vindas da Glorialuz Lanz, coordenadora de programas e projetos da Fundação Abrinq, seguida pela apresentação da Mônica Picavêa, pesquisadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas, que explicou o que são os ODS.

“Temos uma sociedade muito baseada no consumo, na economia, no dinheiro, nos números, que criou uma série de problemas que irão causar a extinção da humanidade e do planeta. Nunca a humanidade precisou tanto de uma narrativa positiva para cooperar. Assim, nasceram os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), um documento assinado por 169 países, em 2015, criado pelas Nações Unidas, com narrativas que fizessem sentido para uma humanidade se desenvolver junta, e que não levasse em conta só o mundo consumista e individualista”, explica Mônica.

Durante a apresentação, a pesquisadora relacionou os ODS com a realidade das pessoas e organizações sociais, uma maneira didática de todos entenderem os Objetivos como uma ação cotidiana e essencial para todos. Ela ressaltou, inclusive, a importância do consumo responsável, de minimizar o desperdício de alimentos, entre outras ações que, se não colocadas em prática, impactarão diretamente as crianças e os adolescentes.

“Trabalhar com as crianças é uma das principais questões e tem uma enorme importância, principalmente, na Agenda 2030, porque, se formos avaliar, as principais vítimas da desigualdade, da pobreza e de todas essas questões que abalam a sociedade, começam nas crianças também. Sim, elas são o futuro, mas, neste momento, são as principais afetadas por todas as questões que a gente vive tentando consertar e que são tão complexas”, destaca a pesquisadora.

Viviana Santiago, gerente de gênero e incidência da Plan International, também discursou sobre a implementação dos ODS nas organizações sociais e em seus territórios, orientando a plateia sobre como realizar a incidência e o monitoramento dos Objetivos.

“A agenda ODS nasce do desejo de promover um nível de desenvolvimento que não deixa ninguém para trás. Se pararmos para pensar, as pessoas que geralmente são deixadas para trás na nossa sociedade são as minorias, são as crianças e adolescentes, as mulheres, e essa agenda é uma oportunidade de atuarmos em níveis concretos para promovermos o acesso dessas pessoas aos seus direitos e promover sua cidadania ativa”, afirma Viviana.

Em sua fala, Viviana explica a importância de existir programas que sejam eficazes e dialoguem com os ODS, relatando a relevância das organizações sociais neste feito.

“O trabalho das organizações não pode ser feito fora dessa agenda. Então se reorientarmos o trabalho das nossas organizações para alcançarem esses objetivos, utilizarem essas formas de medição e também a incidência nos governos e conscientização da sociedade, com certeza vamos conseguir promover um outro nível de desenvolvimento”, ressalta a gerente.

Caminhando para o término das palestras, Tatyana Gurgel, coordenadora de projetos do Grupo Criança em Busca de uma Nova Vida (GCRIVA), relata a experiência do Grupo na formulação de propostas e viabilização dos ODS na prática.

“As pessoas pensam que é difícil, mas não é. A aplicabilidade dos ODS é muito simples. Precisamos de duas atitudes: entender quais são os objetivos e o que já temos feito, mas que podemos melhorar para que determinada meta seja cumprida de forma mais eficiente. Caso ainda não tenha feito algo, é pensar no que é possível fazer. Isso é muito simples, é um processo reflexivo, mas na hora de refletir é necessário envolver os atores certos como, por exemplo, um representante do público-alvo, a equipe técnica ou diretoria”, explica Tatyana.

Durante a palestra, Tatyana apresentou o Fala Criança, projeto voltado à disseminação dos direitos da criança e do adolescente, por meio das próprias crianças e adolescentes — uma boa prática realizada no tema.
“O Fala Criança tem essa perspectiva de que a criança se reconheça como um sujeito de direitos e possa exercer esses direitos nos espaços que frequenta. Ela vai conhecer esses espaços, questionar e rediscutir, assim, ela vai poder agir de acordo com a identidade dela, com liberdade e autonomia, que é o nosso objetivo”, ressalta a coordenadora.

O projeto aborda os direitos e deveres dos pequenos em espaços que frequentam como, por exemplo, o ambiente familiar e escolar, orientando-os sobre liberdade e também responsabilidade nestes lugares.

“Entrei no GCRIVA como um dos beneficiados dos programas desenvolvidos e hoje sou voluntário. Lá, todos os programas são financiados e um deles foi financiado pela Fundação Abrinq. Não só eu, mas como toda a minha família, vizinhos e a comunidade foram beneficiados. Graças a esses investimentos, estamos transformando locais, apoderando espaços, não só dentro da organização como na comunidade de Morro Alto, que tem um índice de criminalidade muito alto e um número enorme de jovens envolvidos no tráfico de drogas”, comenta Davidson Rosa de Moura, um dos beneficiados pela organização de Vespasiano (MG).

As ações no período da manhã encerraram com os questionamentos da plateia direcionados às palestrantes.

No período da tarde, foram realizadas duas oficinas simultâneas: Práticas pedagógicas e ODS: como trabalhar o assunto com as crianças e Práticas pedagógicas e ODS: como trabalhar o assunto com adolescentes, que ensinaram práticas pedagógicas que contemplam os Objetivos como parte da metodologia.

Estratégia ODS

O Encontro foi financiado pela União Europeia, por meio do programa Fortalecimento da Rede Estratégia ODS, que visa ampliar a participação e incidência da sociedade civil na implantação dos ODS e da Agenda 2030 no Brasil, com foco na redução das desigualdades.

Texto originalmente postado no site da Fundação Abrinq, em: https://www.fadc.org.br/noticias/encontro-anual-rede-nossas-criancas-2019