Os desafios das mulheres na atualidade

É inegável que o século XX representou um grande avanço em relação aos direitos das mulheres. A constituição de 1934, por exemplo, promoveu, pela primeira vez, a igualdade entre os sexos. Já ao longo do século, as mulheres...

É inegável que o século XX representou um grande avanço em relação aos direitos das mulheres. A constituição de 1934, por exemplo, promoveu, pela primeira vez, a igualdade entre os sexos. Já ao longo do século, as mulheres conquistaram – através de muitas lutas – outros direitos fundamentais, como a possibilidade de votar e ser votada, assim como a proibição da diferença salarial por motivo de sexo.

Na prática, hoje em dia, as mulheres ainda encontram problemas estruturais, antigos e novos, que dificultam a busca por igualdade social em todos os aspectos. Apesar da popularização dos debates sobre a igualdade de gêneros, o feminismo e o combate ao machismo, ainda é comum ler e ouvir relatos sobre desigualdades salariais, violência sexual, feminicídio, baixa representatividade política, entre outros.

Nós, da Estratégia ODS, aproveitamos o Dia Internacional da Mulher, para lançar uma campanha que chamasse a atenção para alguns dos principais problemas enfrentados por elas na atualidade. De fato, poderíamos promover um debate sobre diferentes temas, mas procuramos abordar quatro deles, com dados que relatam o status atual desses problemas. São eles:

Desigualdade racial

De acordo com dados do IBGE divulgados em 2019, referentes a 2018, as mulheres ainda encontram um grande abismo salaria em relação aos homens. No entanto, na comparação entre mulheres brancas e negras, a diferença pode chegar a até 71%

Já em relação à violência, de acordo com o “Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil”, feito pelo IPEA, as mulheres negras ainda são as maiores vítimas de feminicídio no país.

Na educação, segundo o mesmo levantamento, apenas 5,2% das mulheres negras no Brasil alcançam o ensino superior, contra 18,2% das mulheres brancas.

Assédio no transporte público

De acordo com a pesquisa “Viver em São Paulo: Mulher”, da Rede Nossa São Paulo, 63% das paulistanas declaram já ter sofrido algum caso de assédio na cidade. O transporte público permanece como o local em que as mulheres sentem maior risco de sofrer algum tipo de assédio na opinião de 46% das entrevistadas.

A pesquisa também apontou que, na visão das entrevistadas, as principais medidas que precisam ser adotadas são: aumentar as penas para quem comete violência contra a mulher, agilizar o andamento da investigação das denúncias e ampliar os serviços de proteção a mulheres em situação de violência em todas as regiões da cidade.

Violência sexual e doméstica

É um tema que precisa ser cada vez mais combatido. De acordo com o levantamento “Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, feito pelo Datafolha e encomendado pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 42,6% das jovens entre 16 e 24 anos afirmam ter sofrido algum tipo de violência ou agressão nos últimos 12 meses. E os dados ficam mais assustadores ao constatar que, considerando todas as mulheres entrevistadas, em 76,4% dos casos a violência partiu de um agressor já conhecido pela vítima.

A mesma pesquisa também demonstra que o local em que mais ocorre violência doméstica contra a mulher é na própria casa da vítima, com 42% dos casos. No entanto, 52% das mulheres não tomou providências após sofrer o ato de violência.

Desigualdade no mercado de trabalho

Também é possível citar a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho como grande obstáculo para igualdade de gênero. Ainda segundo o IBGE, em 2016, 21,5% das mulheres de 25 a 44 anos concluíram o ensino superior. Já em relação aos homens, apenas 15,6% concluíram uma graduação. Todavia, mesmo com maior escolaridade, o salário médio das mulheres era cerca de 23,5% menor que o dos homens.

Já de acordo com o IBGE, apenas 10% dos cargos de tomada de decisão, em comitês executivos de grandes empresas.

Podemos ver que o século XX proporcionou algumas mudanças para os direitos das mulheres na sociedade, mas ainda temos um longo caminho a percorrer para atingir uma igualdade plena de direitos para todos. Você pode utilizar, como guia, as metas do ODS 5 para promover uma mudança de hábitos. Confira:

5.1 acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em toda parte

5.2 eliminar todas as formas de violência contra todas as mulheres e meninas nas esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e exploração sexual e de outros tipos

5.3 eliminar todas as práticas nocivas, como os casamentos prematuros, forçados e de crianças e mutilações genitais femininas

5.4 reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico não remunerado, por meio da disponibilização de serviços públicos, infraestrutura e políticas de proteção social, bem como a promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e da família, conforme os contextos nacionais

5.5 garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública

5.6 assegurar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos, como acordado em conformidade com o Programa de Ação da CIPD e da Plataforma de Ação de Pequim e os documentos resultantes de suas conferências de revisão

5.a empreender reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, serviços financeiros, herança e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais

5.b aumentar o uso de tecnologias de base, em particular das TIC, para promover o empoderamento das mulheres

5.c adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação exequível para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas, em todos os níveis