O Brasil começou nesta semana (25) sua campanha de imunização com doses fracionadas da vacina contra febre amarela. A iniciativa acontece em 69 municípios dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Bahia também participará do programa, mas só começará ações em fevereiro. O plano de vacinação brasileiro foi elaborado com a participação da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esta será a maior campanha do mundo com vacinas fracionadas da doença.
Ao todo, 23,8 milhões de pessoas deverão ser vacinadas nos municípios que adotarão a estratégia de fracionamento. Em São Paulo, a expectativa é vacinar cerca de 10,3 milhões de pessoas e, no Rio, um total de 10 milhões. O estado da Bahia, que inicia a vacinação em oito municípios no dia 19 de fevereiro, terá público-alvo de 3,3 milhões de pessoas.
Segundo a OPAS, o fracionamento de doses é uma forma de “esticar” o suprimento de vacinas, protegendo mais pessoas e diminuindo a possibilidade de propagação da doença. Um quinto da dose regular da vacina da febre amarela dá imunidade contra a doença por pelo menos 12 meses — com probabilidade de que a proteção dure mais tempo.
As agências da ONU recomendam o uso de doses fracionadas da imunização em resposta a necessidades eventuais de campanhas de larga escala. Essa medida não tem a intenção de servir como estratégia de longo prazo nem de substituir as práticas de imunização de rotina.
No âmbito dessa estratégia, crianças de nove meses a dois anos de idade, pessoas com condições clínicas especiais, entre outros grupos, receberão as doses padrão da vacina.
A OPAS e a OMS têm dado amplo suporte ao governo do Brasil e aos estados na resposta aos surtos de febre amarela ocorridos desde o ano passado.
Entre as medidas já implementadas pelos organismos das Nações Unidas, estão o envio de vacinas contra a doença; a compra pelo Fundo Rotatório de seringas para doses fracionadas; a divulgação de recomendações baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis; a aquisição de cartões de vacinação específicos para doses fracionadas, utilizando o mesmo modelo adotado em campanha da República Democrática do Congo; e o trabalho em campo, em conjunto com as autoridades nacionais e locais.
Em dezembro do ano passado, a pedido do Ministério da Saúde do Brasil, uma equipe formada por membros da OPAS, da Rede Mundial de Alerta e Resposta a Surtos (GOARN, na sigla em inglês) e da OMS organizou em Brasília um workshop para especialistas em controle de febre amarela. Formação abordou estratégias de vacinação durante possíveis surtos em grandes cidades, incluindo a técnica do fracionamento de doses.
Em 2017, mais de 20 profissionais foram enviados pelo organismo internacional à Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro para trabalhar no controle de mosquitos Aedes, minimizando o risco de transmissão urbana da doença. Especialistas participaram de análises de dados para desenvolver ações estratégicas, além de capacitar profissionais locais e auxiliar na pesquisa epidemiológica com pacientes infectados ou com suspeita de infecção. Consultores também deram assessoria para a atualização de guias e protocolos de atendimento.
Em 2018, equipes da OPAS já estiveram em Minas Gerais colaborando com a identificação de epizootias — mortes de macacos — por febre amarela. Esse trabalho, feito em apoio às autoridades nacionais e estaduais de saúde, permite analisar a circulação do vírus causador da doença e planejar melhor as estratégias de vacinação.
Além disso, especialistas da sede da OMS, em Genebra, na Suíça, e da sede da OPAS, em Washington D.C., nos Estados Unidos, estarão no Rio de Janeiro e em São Paulo durante os primeiros dias da campanha, para acompanhar de perto a vacinação com doses fracionadas e as atividades de vigilância.
A febre amarela é uma enfermidade hemorrágica viral aguda, transmitida por mosquitos infectados. Pode ser prevenida por uma vacina eficaz, segura e acessível. Atualmente, o Brasil é afetado apenas pela febre amarela silvestre – transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes. O último caso de febre amarela urbana registrado no Brasil ocorreu no ano de 1942.
Casos
De acordo com informações do Ministério da Saúde do Brasil, no período de monitoramento — de 1º de julho de 2017 a 23 de janeiro de 2018 —, foram confirmados 130 casos de febre amarela no país, dos quais 53 resultaram em mortes.
No ano passado, de julho de 2016 a 23 janeiro de 2017, foram 381 casos confirmados e 127 óbitos. Os informes de febre amarela do Brasil seguem a sazonalidade da doença, que acontece, principalmente, no verão — geralmente com aumento de casos de dezembro a maio.
Desde 2017, o Ministério da Saúde encaminhou às unidades federativas aproximadamente 57,4 milhões de doses da vacina.
Vacinação de rotina
No Brasil, a vacinação para febre amarela é ofertada rotineiramente nos municípios, com recomendação de vacinação nos seguintes estados: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
As pessoas que vivem nesses locais, desde que não apresentem contraindicações, são orientadas pelas autoridades nacionais e locais a tomar uma dose padrão da vacina, para estarem protegidas durante toda a vida.
Fonte: ONU BR