As empresas brasileiras conhecem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável?

Nem todas. Para ajudar a disseminar essa iniciativa, o Prêmio ÉPOCA Empresa Verde destacará as ações ambientais com múltiplos efeitos positivos nos ODS da ONU DESIRÊE GALVÃO Pelo segundo ano consecutivo, o Prêmio ÉPOCA...

Nem todas. Para ajudar a disseminar essa iniciativa, o Prêmio ÉPOCA Empresa Verde destacará as ações ambientais com múltiplos efeitos positivos nos ODS da ONU

DESIRÊE GALVÃO

Pelo segundo ano consecutivo, o Prêmio ÉPOCA Empresa Verde apresenta a categoria especial baseada nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) criados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em setembro de 2015, os ODS foram adotados oficialmente por todos os 193 estados-membros da organização. As metas, que devem ser cumpridas até 2030, estabelecem ações em diversas áreas, como educação, paz, consumo responsável, igualdade social e proteção do meio ambiente. Nós perguntamos para várias empresas brasileiras como elas enxergam esses objetivos e como acreditam poder contribuir para a agenda.

Sócio proprietário da lanchonete Dois G, no centro de São Paulo, há 27 anos, Ronísio Mota Teixeira, além de não saber o que são os ODS, disse nunca ter parado para pensar sobre como o negócio dele poderia contribuir para transformar o mundo em um lugar mais sustentável. Aos 48 anos, pai de quatro filhos, ele conta que o restaurante chegou a ter cinco funcionários nos tempos de fartura econômica. Mas atualmente, por causa da crise, toca o negócio com a ajuda da esposa e de um garçom diarista.

Interessado na conversa, do outro lado do salão o garçom Mauro Joílson Fernandes, de 24 anos, disse ter aprendido sobre os ODS na faculdade de administração. Ele está cursando o 2º semestre na Anhanguera. Prestador de serviços para a Dois G há mais de três anos, o universitário relatou que a lanchonete não teria recursos para investir em projetos de ações positivas para o meio ambiente, mas que, de alguma forma, eles tentavam fazer o melhor no dia a dia.

“Quando tivemos a crise da falta d’água [2014], a gente fez um esforço para economizar ao máximo. Até mudamos a forma de lavar a louça, por exemplo, que não é muito prática, mas diz que resulta na conta do final do mês”, contou Mauro.

Mauro relatou também que eles gostariam de poder doar os restos de comida aos moradores em situação de rua, mas não o fazem para evitar problemas com a vigilância sanitária. Além disso, por ser irmão mais velho de duas adolescentes, de 16 e 18 anos, e uma bebê de 2 anos, ainda sonha com uma sociedade mais igualitária para homens e mulheres.

Já no Centro-Oeste brasileiro, a bióloga Natany Mayara do Vale e Silva, de 26 anos, há um ano e meio se tornou microempreendedora individual (MEI), e abriu a Doce Mixto Doceria, em Cuiabá. A produção dos bombons é feita na casa dela mesmo. Natany relatou conhecer os ODS por causa da formação acadêmica e, por isso, sempre tentou exercer boas práticas para o meio ambiente, não só nos negócios, mas na casa dela também.

A compra dos insumos, detergentes e demais utensílios descartáveis da empresa de Natany é feita com consciência. “Também pratico a seleção dos resíduos orgânicos e inorgânicos que são descartados. Além disso, forneço para os artesãos da comunidade local alguns materiais que são recicláveis, como as latas de leite Ninho e caixas de leite”, relatou.

O diretor de sustentabilidade e valor econômico da Coca-Cola Brasil, Pedro Massa, explicou que para alcançar a escala de ambição da ONU é necessária uma parceria global de execução. Essa mobilização deve envolver governos, setor privado, sociedade civil, entre outros atores. Segundo Massa, as grandes empresas terão um papel-chave no cumprimento dos ODS, tanto pela alta escala de abrangência, quanto pela capacidade de buscar soluções inovadoras e investimentos em pesquisa.

Segundo a executiva responsável pela área de sustentabilidade da Vivo, Joanes Ribas, o setor de telecomunicações tem um grande potencial para direcionar respostas a alguns dos principais compromissos presentes nos ODS, a fim de potencializar os benefícios de uma sociedade mais conectada. Para ela, as novas tecnologias são importantes não apenas como veículos de progresso, mas também como ferramentas necessárias para vencer os desafios sociais, ambientais e econômicos que enfrentamos em âmbito global.

Há três anos, o plano do alemão Andreas Bookas, de 36 anos, era viajar pela América do Sul inteira, mas ao chegar ao Brasil se apaixonou completamente e decidiu ficar por aqui. Ele então abriu a empresa Tela Vita, que oferece atendimento psicológico on-line. Para Andreas, resolver os problemas mundiais mencionados pela ONU, apesar de ser uma responsabilidade empresarial, não é uma tarefa fácil para pequenas empresas. No caminho existem vários obstáculos com a legislação, ausência de incentivos do governo, expectativas dos acionistas, falta de infraestrutura, entre outros.

Com relação ao objetivo dois, que é acabar com a fome, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável, Andreas, que é vegano, acredita que a solução é simples: basta substituir a carne por plantas na cadeia alimentar. “Acho que cada empresa pode incentivar seus funcionários a se alimentar de maneira mais consciente. Em nosso caso, por exemplo, o último almoço pago pela empresa foi num restaurante vegano”, disse.

Para o assistente do diretor-geral brasileiro e gestor do Convênio Itaipu Binacional/Pnud, Herlon Goelzer de Almeida, o fato de os ODS induzirem resultados e metas concretas contribui para que as empresas também reflitam sobre indicadores que vão além do tradicional resultado econômico. As empresas passam a ter compromissos com sua gente, com o local, o território e o planeta.

A Fiat Chrysler Automóveis Brasil (FCA) acredita que os ODS exercem uma grande influência ao sugerir prioridades de investimento, não só social, mas também no desenvolvimento de produtos, serviços e no relacionamento com os colaboradores e o meio ambiente. Assim, as ações de uma empresa tendem a se somar aos esforços de outras empresas, governos e sociedade civil, em temas que realmente são importantes e que podem melhorar a sociedade em que vivemos.

O Prêmio ÉPOCA Empresa Verde destaca exclusivamente as boas ações voltadas ao meio ambiente. Por isso, a ideia da categoria ODS é reconhecer empresas com as melhores iniciativas ambientais que tenham efeitos em mais de uma das metas. Nós buscamos premiar um projeto ambiental que cause impacto positivo também na educação, saúde, igualdade social e economia sustentável, por exemplo.

A Natura, vencedora do Prêmio ÉPOCA Empresa Verde na categoria Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em 2016, teve uma iniciativa ambiental com vários impactos positivos em outras áreas. A empresa desenvolveu produtos a partir da ucuuba, uma espécie de árvore da Amazônia. A árvore está ameaçada de extinção porque vem sendo derrubada para fazer palito de churrasco. A Natura descobriu como usar o fruto para fazer cosméticos. Com isso, a árvore passa a valer mais viva do que morta. Além de preservar a biodiversidade, a inovação ajuda a reduzir a pobreza na região, reduzir desigualdades e gerar empregos. Atinge vários outros itens das ODS.

As inscrições para o Prêmio ÉPOCA Empresa Verde 2017 já estão abertas. Confira aqui como participar. http://epoca.globo.com/ciencia-e-meio-ambiente/blog-do-planeta/noticia/2017/06/inscricoes-para-o-premio-epoca-empresa-verde-2017-estao-abertas.html

Fonte: Revista Época