Como viver a sustentabilidade

Como viver a sustentabilidade: uma reflexão sobre educação ambiental Na Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano que aconteceu em Estocolmo em 1972, levantou-se a necessidade de ser gerado um amplo processo de educação para o...

Como viver a sustentabilidade: uma reflexão sobre educação ambiental

Na Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano que aconteceu em Estocolmo em 1972, levantou-se a necessidade de ser gerado um amplo processo de educação para o meio ambiente, como primeiro passo para a mudança de valores, sendo assim estabelecido um programa internacional pela UNESCO.

O debate sobre a temática ambiental, desde então, deslanchou pelo mundo, até que a Comissão Brundtland produzisse o relatório “Nosso futuro Comum”, consagrando um grande avanço da questão e dando origem, 5 anos depois, à Conferência Rio 92, que aproximou as dimensões do desenvolvimento sustentável com a educação ambiental (EA).

Em 1992 havia uma clara consciência da crise, numa tentativa de países membros da ONU negociarem uma agenda para lidar com os problemas ambientais. A maioria dos países concordaram que os recursos naturais são finitos, não podem ser esgotados por uma geração, pois toda a humanidade depende e dependerá sempre deles.

Construído por muitas pessoas e emanado dessa Conferência de 1992, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, resplandecia responsabilidade, trabalho, alegria e planos para se fazer uma EA transformadora de valores e atitudes, criadora de uma nova ética, sensibilizadora e conscientizadora para as boas e integradas relações ser humano/sociedade/natureza.

A partir de 1992 houve a emergência e a consolidação de redes, várias práticas sociais e de políticas públicas e programas municipais que favoreceram o desenvolvimento da EA brasileira.

Passados 7 anos da Rio 92, a elaboração do texto da Política Nacional de Educação Ambiental foi aprovada em 1999 e proporcionou a abertura de um espaço institucional para tratar a EA como uma política de governo.

Em 2012, durante a Conferência Rio+20, os documentos norteadores foram novamente debatidos e revalidados. Houve amadurecimento do debate sobre os pressupostos e modos de ação, e o processo de estabelecimento de políticas públicas no Brasil entre 1992 e 2012. O objetivo da Conferência foi a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões da Rio 92 e o tratamento de temas novos e emergentes.

Desta vez o principal documento elaborado foi a declaração O Futuro que Queremos, assinado por 188 países.

Durante a Rio+20 e a Cúpula dos Povos (evento paralelo organizado pela sociedade civil) aconteceram muitos eventos relacionando a EA aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Parecia estarmos vivendo a sustentabilidade…

Ao longo de todos esses anos e após a realização dessas Conferências, testemunhamos a criação de muitas políticas públicas e marcos regulatórios para a gestão da EA brasileira, como a normatização institucional da área ambiental, a criação de políticas setoriais para gerenciamento das águas, resíduos sólidos, e mudanças climáticas, por exemplo.

Mas é fato que a EA nos impõe muitos desafios: o da complexidade e o das relações entre os fatores econômicos, ecológicos, socioculturais, geográficos e políticos. Por esse motivo, se por um lado houve avanços, o que temos hoje, em tempos de crise, é um cenário de subtração, constituído por atrasos e recuos.

Pode-se dizer que a institucionalização da EA está presente em diversos processos e muita coisa aconteceu. A consciência sobre temas ambientais da sociedade, de modo geral é diferente que há 24 anos atrás. Conceitos sofisticados como “desenvolvimento sustentável”, “consumo sustentável” ou “biodiversidade” já fazem parte do repertório de muitos brasileiros.

No entanto, ações e opiniões não parecem ser suficientes para criar o entendimento científico que poderia embasar uma compreensão do mundo e da vida adequados para a superação da crise ecológica. Em alguns casos a mobilização ainda é gerida pelo temor das catástrofes ou por uma adesão moral, apesar da expansão da informação. Tememos a seca, enchentes, deslizamentos, epidemias…

Constata-se que, mesmo com a EA em pleno curso no Brasil, ela atualmente enfrenta desafios e deve continuar a abordar os objetivos globais do Desenvolvimento Sustentável (ODS), com metas a serem implementadas por todos durante os próximos 15 anos.

É preciso considerar a urgência de internalizar a consciência desenvolvida e transformá-la em mudança de comportamento de fato. Afinal “abraçar” árvores, parar de queimar florestas, etc., significa salvar a nós mesmos e viver melhor!

Patricia Otero é autora do livro Avanços e Desafios da Educação Ambiental Brasileira, que analisa o campo da EA, no período entre as duas grandes Conferências sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e realizadas no Brasil, a Rio-92 e a Rio+20, fruto de sua dissertação de mestrado na UFSCAR.

Links para o livro: http://migre.me/wpZVT

 

Fonte: Itu.com.br