Por Malu Nunes
Em meio à corrida presidencial, historicamente, acompanhamos pautas ligadas à conservação ambiental serem colocadas em segundo plano. O resultado dessa postura são mandatos inoperantes em relação à degradação gradual e ininterrupta de nossas florestas e recursos naturais. Precisamos que os candidatos ao Palácio da Alvorada – assim como candidatos ao Legislativo e aos executivos estaduais – assumam compromissos verdadeiros com a preservação da nossa biodiversidade, por mais que promessas ligadas ao meio ambiente não atraiam tantos votos.
Novas lentes e olhar crítico sobre a nossa incomparável biodiversidade – Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Pampa, ambientes costeiros e marinhos… – mostram como a conservação de nossos biomas são vitais para o desenvolvimento do país e para o bem-estar da população. O que seria de todos os setores da economia e das nossas cidades sem água abundante e limpa, solos produtivos e recursos naturais? Áreas verdes e costeiras preservadas nos garantem também atrativos turísticos, clima equilibrado e ar de qualidade.
Nossos governantes e todos nós brasileiros precisamos perceber que o nosso capital verde suporta e dá sustento às demais atividades, sejam elas econômicas ou sociais. Entre os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável propostos pelas Nações Unidas para transformar o mundo até 2030, os quatro relacionados à proteção e à conservação da biosfera são essenciais para atingir os demais, como acabar com a fome, garantir vida saudável à população e permitir o crescimento econômico. Sem o uso sustentável dos recursos naturais, os impactos negativos do desequilíbrio do ecossistema serão ampliados.
Compromissos factíveis para os próximos quatro anos – propostos em cartas elaboradas aos presidenciáveis pela SOS Mata Atlântica e pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, por exemplo – englobam: a implantação de incentivos econômicos, fiscais e tributários voltados à manutenção e à regeneração da vegetação nativa em imóveis privados; a garantia do uso público qualificado em pelo menos metade dos parques nacionais, fortalecendo instituições públicas e promovendo concessões de serviços, turismo e outros negócios sustentáveis; o aumento do uso de fontes renováveis de energia; maior controle e monitoramento para zerar o desmatamento; e a proteção de pelo menos 10% dos diferentes ecossistemas costeiros e marinhos – como mangues, restingas e corais – a partir da criação de unidades de conservação para a conservação da biodiversidade.
Essas propostas são possíveis e a responsabilidade não recai apenas sobre o poder público. A sociedade civil organizada, o setor privado e as universidades também têm seu papel neste processo e devem estar abertos a parcerias e projetos qualificados. Neste mês, a Fundação Grupo Boticário completa 28 anos dedicados à proteção da natureza. Ao lado de outras entidades e em contato direto com atores públicos, sabemos que os desafios para conservar o patrimônio natural são grandes, urgentes e de todos os brasileiros. Atuar em rede e nos unirmos torna-se vital.
Fonte: O Eco